sábado

The Buenos Aires Sessions Vol.1: wanna be

Uma viagem.




I.
Se dá uma história não sei, mas dá uma viagem. E essa é uma outra viagem, marcada há mais de cinco anos, teimando em adiar a si mesma.
A primeira viagem, dos Invasores de Corpos, sampleada e remixada a partir dos relatos de outros, se perde no trajeto muito longo até a Patagônia (o mais próximo que chegarei será o Banco da Patagonia na Corrientes).

O telegrama de Corto ficou em cima da mesa, a passagem de avião chegou antes e me rendo à minha época. Aqui estou.
Além do mais, não quero contar histórias. A idéia, para mim, é escrever impressões, como digitais que marcam o meu corpo enquanto circulo pela cidade.

A cidade é Buenos Aires (sempre foi).

II.
(Você é um argentino wanna be, uma amiga me disse há tempos.
Qué hacer?, como diz el viejo Santiago no primeiro dia que entramos no El Ruiseñor.
Um tio argentino na família me pareceu desde sempre um elemento de estranheza intrigante na família, uma espécie de possibilidade de transpor lugares e diferenças, atravessá-los, a idéia de que há diferenças mas não fronteiras.
De alguma forma, isso funcionou como um vírus que foi se transformando e ganhando outras formas e cores com o tempo. Ferreti e El Lobo Fischer com a camisa alvinegra, estufando as redes adversárias e a imaginação de um pequeno torcedor de cinco anos. Depois, Doval, do outro lado. A copa de 74 vista no apartamento do tio portenho e da tia (absolutamente brasileira) que depois foi desapropriado para a ampliação do Miguel Couto. O time de 78, clássico no botão, Bertoni, Kempes e Valencia, e Ardilles, Passarella, Tarantini, Fillol.
Depois, bem depois, a literatura e a transformação (para mim) de Buenos Aires em cidade mítica da escrita. Renzi e Steve no Ambos Mundos falando de Macedonio, Arlt, Borges, Sur, Gombrowicz. Y Piglia, Cortázar, Puig, Lamborghini, Aira, Saer.)

III.
Este texto era para ser outro texto, e ainda um outro primeiro. E, no entanto, nunca será nenhum dos três, o texto imaginado nunca será como concebido. É assim que se escreve, é assim que deve ser, ele diz (aquele que escreve diz).



2 Comments:

Blogger kaspar said...

grande comparsa, bem-vindo às nossas viagens, às nossas invasões bárbaras e sofisticadas!

7/8/05 12:18  
Blogger kaspar said...

negão, só vi esse tremoço agora, hoje, depois às pampas, mas: 100 anos passam rápido, já estaremos de volta rodando no karma da espécie, provavelmente seremos vizinhos de porta no uzbequistão.

23/8/05 17:56  

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